PSB é a “noiva da vez” para 2014, diz analista
Guilherme Waltenberg / Agência Estado
Em uma análise do cenário pós-eleições municipais no
Brasil, o cientista político e professor do INSPER - Humberto Dantas avalia que
o PSB se fortaleceu como força política estratégica no plano nacional ao inflar
em mais de 40% o número de prefeitos eleitos pela sigla. Para Dantas, o PSB é
importante para "todos os partidos que querem jogar o jogo eleitoral
nacional, tornando-se a noiva da vez nas eleições presidenciais de 2014".
"Eduardo Campos (presidente do PSB e governador de Pernambuco) está
fazendo o jogo de ser, enquanto partido político, a moça mais desejada da
festa. É um partido estratégico para todas as demais siglas que querem jogar o
jogo eleitoral nacional em 2014", avalia.
Dantas ressalta que o PSB tem um bom desempenho nos
Estados do nordeste, "região predominantemente petista", onde os
tucanos tiveram dificuldade em obter votos nas últimas eleições nacionais.
"Isso torna o partido um aliado preferencial do PSDB, especialmente porque
o DEM, aliado histórico dos tucanos, perdeu sua penetração nessa região",
afirmou. Ele menciona também que, em uma eleição com resultados apertados, o
apoio dos socialistas pode ser decisivo para o PT manter-se no poder devido ao
elevado número de palanques da sigla de Campos. "É um partido que governa
seis Estados, incluindo alguns importantes do nordeste. É um partido ultra
estratégico para as pretensões futuras do PSDB e para a manutenção do poder no
PT", analisa.
O cientista político explica que, ao se dar conta dessa
conjuntura, Campos - definido por Dantas como "um político
habilidoso" - "colocou um pé em cada canoa", flertando com o PT
e o PSDB. "Ele apareceu em um almoço com a (presidente) Dilma e com o
(ex-presidente) Lula, posa para fotos com o (senador mineiro do PSDB) Aécio Neves
e deixa no ar a possibilidade de lançar candidatura própria ao Planalto",
diz.
São Paulo
Ao analisar o resultado das eleições em São Paulo, onde o
estreante em disputas eleitorais Fernando Haddad (PT) venceu o candidato do
PSDB, José Serra, Dantas ressaltou a importância da participação do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas afirmou que ele foi "um dos
fatores decisivos", não o único. "O binômio PT forte em São Paulo e
desejo de renovação na cidade fez com que, dentro das estruturas do PT,
entendessem que era necessário colocar alguém novo na disputa. Lula bancou a
candidatura de Haddad, ou seja, é o responsável pela indicação, mas o partido e
a vontade da sociedade também foram", avaliou.
Para Dantas, Lula não teve um desempenho muito bom em
diversas cidades onde ele fez campanha. Ele citou Fortaleza (CE), Recife (PE),
Manaus (AM) e Salvador (BA), onde Lula participou das campanhas, mas seus
candidatos perderam. "Apenas Campinas (onde o estreante em eleições Marcio
Pochmann perdeu, mas conseguiu chegar ao segundo turno) e São Paulo contaram
com uma participação decisiva de Lula, nos outros lugares dá para dizer que o
Lula derrapou", comentou.
Sobre o desempenho do PSDB neste pleito, o professor do
Insper afirmou que, apesar da derrota para o PT em São Paulo, o partido obteve
"vitórias interessantes" no País. "O PSDB volta ao poder em
Manaus, lembremos que a Dilma, em 2010, teve mais de 80% dos votos válidos
naquele Estado, importantíssimo para o PSDB. Vence em Belém, vai bem no
Recife", afirma. Dantas ressalta, porém, que algumas derrotas no Estado de
São Paulo passaram um recado ao partido. "As urnas dão recados que merecem
atenção do PSDB, eles perderam São José dos Campos, que é uma cidade
emblemática (por ser um dos berços políticos do governador Geraldo Alckmin),
Jundiaí, é preciso observar", diz. E emenda: "agora, o PT também
perde coisas históricas. Perdeu Diadema para o PV, que lançou um ex-tucano para
a Prefeitura", diz. "Ambos têm derrotas importantes, mas têm vitórias
interessantes", conclui.